quarta-feira, 30 de junho de 2010

Carne às Mercês

.............................. Foi através deste post de João Vasconcelos Costa no seu incontornável A Inquietude Permanente, que me apercebi que sobre os meus humildes ombros ia recair a tarefa de ressuscitar a memória de um petisco cuja receita parece ter sido esquecida por todos e que, pior, passou a ser feito como uma espécie de pica-pau, essa infame carne frita/cozida com que se engatam umas cervejas e que é às vezes chamada Carne às Mercês.
A Feira das Mercês, antiquíssimo vestígio do culto popular do Divino Espírito Santo, realiza-se nas duas últimas semanas de Outubro, numa quinta que foi casa do Marquês de Pombal na zona saloia, entre Rio de Mouro e o Algueirão.
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Quando era miúdo era um programa familiar anual que nunca falhava, mesmo quando tinha de se ir de galochas por a chuva ter tornado tudo aquilo um lamaçal.
Há anos que não vou lá, talvez mais de vinte e tremo de pensar o que as urbanizações podem e devem ter feito àqueles “campos”.
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Aí, chegávamos bem cedo, para apanharmos ainda quentes as deliciosas peras pardas cozidas e a minha mãe poder escolher e regatear as melhores nozes, amêndoas e outros frutos secos para o Natal.
Aí se provavam a primeira água-pé do ano, às vezes algum vinho novíssimo que alguém teimava em ali trazer, ainda meio-feito, as primeiras castanhas se o tempo tivesse ajudado com algum granizo precoce e, por essas nove horas já sobre longínquas brasas no fundo de bidões serrados ao meio, as frigideiras da Carne às Mercês que havia de ser comida lá para bem depois do meio-dia!
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A Carne às Mercês é um dos poucos “confitados” (há mais 4 ou 5 na cozinha tradicional portuguesa, geralmente não identificados como tal) da nossa cozinha popular e não tem nada a ver com as “carnes às mercês” das tabernas e cervejarias lisboetas, essas sim carnes de porco fritas (bem ou mal) e em tudo iguais, excepto na massa de pimentão, à carne de porco alentejana (sem amêijoas).
A técnica era precisa e exercida por mãos mestras. Logo ali se viam quais as barracas onde valeria a pena ir almoçar: quem não tivesse a carne ao lume (baixinho) às 9 da manhã era logo rejeitado na escolha e dizia-se que estes eram os “atrasados”, não valiam a pena. A carne era posta em frio, com alguma marinada em que o louro predominava e com a sua dose de banha
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e ali ficava até ao meio-dia, nem chegava a ser fervinhar, hoje diríamos que estava a ser cozinhada a baixa temperatura. Depois, eram as frigideiras de barro passadas para brasas próximas e fortes onde, em questão de minutos se evaporavam os aquosos e se formavam as deliciosas crostas então sim, fritas, e o agarrado que era desglaçado com uma colherada da marinada ou um golpe de vinho branco, mesmo antes de ir à mesa, ou ao balcão feito de uma tábua sebenta forrada a oleado e onde se comia com pão e vinho, pois claro.
Só “turistas” que eram olhados de soslaio trocista se atreviam a pedir as batatinhas fritas e pagavam-nas à parte, bem feito!
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Bom, como parece que ninguém se lembrou de fixar a receita antiga de Carne às Mercês, eu corro o risco de ser o único a poder fazê-lo e fá-lo-ei aqui que este é um petisco bom demais para se perder.
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Ingredientes:
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1kg de rabadilha de porco
1 colher de sopa de pimentão em pó
5-6 dentes de alho
5-6 folhas de louro
Sal grosso e pimenta preta
150g de banha de porco
2,5dl de vinho branco
2 colheres de sopa de vinagre (facultativo*)
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Preparação:
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Corte a carne em pedaços com a volumetria aproximada de uma noz,

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tempere-os, junte o vinho e o vinagre* e deixe por 24 horas (mas melhor por 48h) no frigorífico*.
Ponha esta carne com a marinada numa assadeira ou frigideiras de barro, por cima coloque a banha

e leve ao forno, regulado para 120ºC com calor por baixo, durante cerca de 4 horas.
Durante este tempo a carne mal fervinha e a película de banha que se forma sobre a marinada impede a sua evaporação.

Isto é essencial para que a carne vá confitando lentamente, adquirindo aquela tenrura não-desfeita que só a baixa temperatura e o tempo conferem.
Depois destas horas é tempo de finalizar: é agora que a carne já confitada vai ser frita. Passe a temperatura para 250ºC ou, mais prático, passe a assadeira para o lume do fogão, forte, e deixe que a marinada se evapore por completo e a carne fique alourada e frita por fora, mexendo sempre.

No final (cuidado para que os alhos não queimem) junte um golpe de vinho branco, agite para desglaçar os sucos caramelizados e evaporar o álcool e sirva acompanhado de um bom vinho e pão de Mafra.

Notas: * As boas práticas mandam que as marinadas se conservem no frio. Neste caso o uso de vinagre na marinada é a seu gosto e facultativo. No entanto, se, como eu, é amante daquele sabor único da carne já um bocadinho “entrada”, a chamada faisandée, deve deixar a marinada por 48 horas à temperatura ambiente. Neste caso e para evitar a proliferação de bactérias anaeróbias potencialmente nocivas, o uso do vinagre é obrigatório.

Resista à mainstream que lhe diz que toda a carne frita ou assada deve ser selada, lume forte, blá blá. De facto, as carnes feitas com a técnica de baixa temperatura não só não devem como não podem sofrer esses tratos. Aqui, cozinha-se primeiro e frita-se no fim.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Licor de Limão (dia 1º)

............................. Quando o comum mortal tenta vislumbrar o mundo dos deuses, o mais certo será deparar-se-lhe com coisas estranhas e para além de tudo o que teria podido imaginar até então.
Quem já mergulhou nesse livro espantoso e às vezes (muitas vezes) labiríntico e sibilino que é O Livro de Mestre João Ribeiro*, sabe bem o que é um mundo superior, ali aplicado à Cozinha, à Grande Cozinha!
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A pags. 191 da grande obra, surge aquela que é, porventura, a mais estranha das receitas de Mestre João Ribeiro: O licor de tangerina.
Feito com álcool e tangerinas, suspensas por fios em ambiente hermético e sem nunca tocarem no álcool, ficam ali fechadas por muito tempo a transmutarem o álcool em base para um licor que, provavelmente, Gulbenkian bebeu.
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Eu sou paciente, há até quem diga que sou "a" paciência" nestas coisas da cozinha, mas para este mistério que, racionalmente, não resolvi, não tive paciência para esperar pela próxima época das tangerinas (e não ia fazer com ancores, clemenvilhas e quejandas enceradas) e avancei para a experiência com limão.
175g de fruto, 200ml de álcool (alimentar!) a 90º, alguma inventiva para a "suspensão" do fruto e, lá para Agosto, vos darei conta do andar do licor.

*O Livro de Mestre João Ribeiro, Assírio e Alvim, Lisboa, 1996.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Pizza de Paille com Farinheira

.................................. Normalmente não falo de pizzas. Nem das dos outros, nem das minhas.
A pizza é um daqueles pratos que a maioria compra feita ou num qualquer estado de elaboração intermédio para acabar em casa e que alguns poucos, entre os quais eu, gostam de fazer desde o princípio, mas mais nada.
Quem faz pizza sabe fazê-la e fá-la normalmente bem, o que, convenhamos, realmente não custa nada; quem não a faz é porque não quer e não haverá post que a convença que a melhor receita não é aquele número de telefone mágico...
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Se hoje abro uma excepção e aqui faço menção a esta pizza é apenas para dar conta de uma combinação de ingredientes que resulta num sabor excepcional: a farinheira com a mozzarela e um apoio que nunca é demais relembrar, os deliciosos cogumelos Palha, Volvariella volvacea,
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que se cultivam em exclusivo no Sudoeste Asiático e que se vendem em latas nas casas de especialidades chinesas.
Os cogumelos Palha valem realmente a pena e só em lata, dado que os irmãos selvagens que crescem em Portugal são demasiado parecidos com uma espécie mortal para que valha o risco.


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Arroz Primavera


................................. Claro que eu podia passar a chamar-lhe Arroz Verão ou até Arroz Outono e ganhava assim 3 ou 6 meses mais para vos falar deste arroz que é, para mim, um arroz de todo o ano.
Mas o certo é que lhe chamo Primavera e como a Primavera vai dar lugar ao Verão já daqui a uns minutos (às 11.28h), aqui está, publicado ainda na "sua" estação, este arroz que desempenha o papel de ser o único prato que me leva a comer as execráveis salsichas de lata!
Não que eu passe a gostar, por milagre, das pequenas "horrorosas" (quando é só para mim, faço batota e substituo-as por alguma carne mais a sério ou até por nada!), mas a tradição, por aqui, é assim e eu, em nome da tradição e do gosto fraquito do resto da família, até as como.
Bom, mas conversas à parte, aqui vai este arroz "primavera" pelo colorido mas que é um verdadeiro prato rápido e completo para as pressas das férias que aí estão, facílimo de obter se se tiver atenção ao pormenor da proporção líquido/arroz, dado que este não é um risotto para mexidelas ou malandrices; é um honesto arroz que deve ficar seco e solto como uma paella.
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Ingredientes:
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1 chávena de arroz Carolino
1 chávena de água
Couve Coração
2 cenouras cortadas em mirepoix
3 dentes de alho
1 folha de louro
100g de chouriço
100g de bacon ou entremeada salgada
1 lata de salsichas
Azeite
Sal e Pimenta preta
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Preparação:
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Num fundo de azeite refogue a cenoura e os alhos em pedaços.

Junte então as carnes e o louro, deixe cozinhar em lume esperto apenas por uns momentos,
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adicione então o arroz e vá mexendo sempre até este se encontrar translúcido.


Introduza então a couve e a água, tempere, agite o tacho de modo a que o arroz fique no fundo,

tape e deixe cozinhar em lume baixíssimo, sem mexer durante 15 minutos, ao fim dos quais se apaga o lume e se deixa tapado por mais 10 minutos para que o arroz acabe a sua cozedura à custa da água dos legumes. Este arroz fica estratificado e deve ser servido "de alto a baixo".

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Quiche de Frango, Espinafres e Farinheira

................................... Quiche é a designação genérica para tartes abertas cujo recheio é um pudim de sólidos ligados com ovo. Identificada como pertencendo ao património culinário francês, teve na verdade origem na região hoje fronteiriça de Lorraine mas que era alemã nessa longínqua época. De uma simplicidade a toda a prova, dão normalmente origem a peças excelentes para consumo ocasional em frio, ideais para esta época estival, podendo também servir como refeição ligeira quente e acompanhada de uma salada.
Uma quiche é, assim, algo cuja composição tem por limite a imaginação de quem a faz e se hoje aqui vos deixo esta que foi jantar há dias, faço-o apenas para ilustrar a utilização da massa quebrada do último post bem como outro uso para além dos tradicionais para esse belo e saboroso enchido português que é a farinheira.
A massa exterior das quiches pode ser quebrada, areada, folhada ou até uma massa de pão do tipo usado em pizzas, mas a que melhor resulta é, claramente, a massa quebrada.
Quanto ao recheio, existem duas opções base para a sua confecção: com e sem refogado prévio.
Pessoalmente, uso o refogado de cebola para acentuar quiches com sabores mais monocórdicos, como foi o caso desta em que a carne era constituída por peito de frango e os espinafres congelados e a ligação apenas com o ovo (e natas, a gosto) quando quero salientar os sabores mais delicados, como é o caso de quiches de cogumelos frescos ou selvagens ou ainda de marisco fresco.
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Ingredientes:
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Massa quebrada
Frango cozido e desfiado grosso
Espinafres em folha congelados
Farinheira da Beira Baixa
Cebola e dente de Alho
Ovos
Sal e Pimenta
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Preparação:
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Forre uma forma de tarte com massa quebrada.
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Se dispuser de um forno fracote, dê-lhe uma cozedura prévia em lume forte, digamos 10minutos; se tem um bom forno essa cozedura é dispensável.
Aloure em azeite uma cebola e um dente de alho picados, junte a este refogado o frango e os espinafres, envolva, deixe harmonizar os sabores por alguns minutos, enquanto o forno aquece, bata os ovos, tempere, junte-os e envolva bem. No fim junte a farinheira esfarelada em pedaços, vaze tudo na forma forrada e leve a forno bem quente durante 10 minutos e depois médio até estar bem cozida e dourada, o que leva outros 10.
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Notas: Não se preocupe com a falta de indicação de quantidades. A quiche é um prato intuitivo e que resulta sempre bem! Faça a "sua" quiche, não a minha.

Aparecem por aí umas versões estranhas de umas "quiches" com farinha ou bechamel no ovo de ligação. Claro que é uma tarte qualquer mas nunca uma quiche.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Lost in Translation - Massa Quebrada

......................... É mais que provável que alguma das minhas leitoras que até use um creme facial à base de ranho de caracol para lutar contra as marcas que o tempo em todos deixa, não o fizesse se os seus promotores não tivessem tido o cuidado de mudar o horrível "ranho" para a simpática "baba".
E que tal uma doce sobremesa "Cuspo de Camelo"?
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As palavras são poderosas e significantes!
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Os cozinheiros têm a particularidade de serem, na sua enorme maioria, uns verdadeiros nabos em linguística e tradução e como quase tudo o que por aí se escreve é re-escrita do que lá por fora se escreveu (e é tão mais fácil!), vai-se, de tropeço em tropeço, uma ajudinha do Google Tradutor e uns "quem sabe o que é que isto quer dizer?", fazendo belos monumentos de receitas que melhor ficariam num anedotário que num livro de receitas.
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Graças a uma destas partidas semânticas, não é hoje possível encontrar uma Massa Quebrada verdadeira nos nossos supermercados.
Os franceses usam Pâte Brisée quer para a Massa Quebrada, quer para Massa Areada e quando dizem Pâte Sablée estão a referir-se a massa areada doce, tipo a massa com que se fazem as "Areias".
Aquilo que se vende por aí com o nome de Massa Quebrada, não é mais que massa areada salgada, o que é uma pena porque o resultado, por exemplo numa quiche, é menos que satisfatório, com a massa a desfazer-se não em saborosos pedaços mas em engasgante pó.
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Claro que eu acho que quem vai comprar ao supermercado a massa mais rápida, fácil e infalível de fazer na nossa cozinha, obtém exactamente aquilo que merece.
Fica portanto aqui a massa que todos podem fazer sem medo, nunca em mais de cinco minutos e de resultado garantido: A Massa Quebrada!
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Ingredientes:
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500g de farinha, com ou sem fermento.
250g de gordura húmida(manteiga, margarina) ou 200g de gordura seca (óleo, azeite, banha)
1 colher de chá de Sal
1 ovo
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Preparação:
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Bata o ovo e reserve.
Misture numa tijela grande a farinha com o sal e abra uma cova a meio.
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Verta a gordura, neste caso 200g de azeite virgem,
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e trabalhe-a com os dedos abertos em garfo, eventualmente desfazendo os pedaços de gordura em pedaços mais pequenos, sempre dentro da farinha. Se usar uma gordura líquida ou sólida derretida este trabalho é rapidíssimo.
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Quando os grumos estiverem com o tamanho de um bago de milho ou feijão, pare o trabalho, adicione o ovo batido e um pouquinho de água fria e aperte com força a massa para que se agregue. Aqui, é sempre melhor que fique mais seca que mais húmida, por isso pouca água e aos poucos.
Dentro em pouco terá obtido uma bola bastante rija mas tendível com rolo. Ponha a descansar por 15 minutos e pode usar.
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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Empadinhas

............................ A massa folhada feita com as aparas da massa do post anterior re-esticadas, são a massa ideal para fazer empadinhas em que o folhado não deve ser "perfeito", sob pena de crescer tanto que atire o recheio por fora. Portanto, para este tipo de folhados e tartes folhadas, em que não interessa o efeito de livro perfeito, deve partir o folhado virgem em pedaços, juntá-los grosseiramente e estender com o rolo de modo a obter uma nova folha com 3-4 mm de espessura.
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Ingredientes:
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Massa Folhada
Recheio a gosto
Ovo batido
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Preparação:
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Prepare um recheio a seu gosto, carne, peixe ou marisco, vegetais, etc.
No meu caso, que tinha carne de conserva com um sabor muito activo, apenas a desfiei, fervi por um minuto num quase-nada de água, temperei com coentros frescos e liguei com um pouco de miolo de pão ralado, para dar corpo e untuosidade.
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Estenda a massa, corte rodelas um pouco maiores que a boca das formas e, por cada rodela destas, uma outra cortada com a própria forma.
Forre a forma com a rodela maior de modo a que fique um pouco de massa a passar o bordo.
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Encha com o recheio, tape com a rodela pequena e "cosa" os bordos com pequenos beliscões em volta.
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Pincele com ovo batido,
. e leve a cozer em forno muito quente (240ºC) por 10m. Reduza depois para os 160ºC e deixe acabar de cozer e secar o folhado.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Massa Folhada fácil

........................ Esta é outra maneira de fazer massa folhada e que dá excelentes resultados usando manteiga e farinha 55, normal.
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Ingredientes:
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500g de farinha 55, sem fermento.
250g de manteiga (ou margarina para folhados, se arranjar)
1 ovo vindo do frigorífico
1 colher de sopa de açúcar
Água gelada
sal
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Preparação:
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Bata o ovo, junte-o à farinha sobre a pedra, acrescente um pouco de àgua gelada e, com os dedos, misture tudo sem trabalhar a massa, para não aquecer e tornar-se elástica. Deve obter, através da adição de pequenas quantidades de água de cada vez, uma massa lisa mas pouco trabalhada.
Deixe em repouso no frigorífico por 2 horas.
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Estenda a massa com o rolo, procurando que fique com forma rectangular.
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Divida mentalmente este rectângulo em 3 partes e disponha meio pacote de manteiga ao pedaços sobre o segmento central.
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Dobre um dos lados sobre este,
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e disponha a outra metade do pacote de manteiga.
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Dobre a outra parte sobre esta manteiga, vire a "boca" da massa para si e estique com o rolo até ter de novo um rectângulo como o primeiro.
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(a partir daqui, porque a máquina ficou sem bateria, deixa de haver fotos, mas poderá seguir as voltas aqui, são exactamente iguais).
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Neste momento tem a 1ª Volta.
Divida mentalmente em 3, dobre as partes laterais sobre a parte central , vire a boca da massa para si e estique de novo; é a 2ª volta.
Faça este processo de esticar, dobrar, virar 90º e esticar de novo por mais 4 vezes, a fim de obter uma massa de 6 voltas ou 6(1x3).
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Durante o processo, se notar que a manteiga começa a querer sair, espremida pelo rolo, deve parar o processo e por a massa a esfriar antes de continuar a estender. Se a sua cozinha for quente, deverá fazê-lo entre cada volta por cerca de 20m.
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Corte a massa em rectângulos, círculos, triângulos, conforme o uso que lhe quiser dar. Junte por fim todas as sobras e aparas, junte-as sem amassar e volte a estender estas aparas. A nova placa é de massa de "meio folhado" e é a ideal para fazer, por exemplo, empadinhas, que será o tema do próximo post.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Risotto de Chouriço e Alcachofras

........................... Não há tempo precioso como o de férias!
Na cozinha, é altura de extremos: podemos fazer aquele prato complicado e impossível durante o ano de trabalho mas também despachar refeições pois as férias são fugidias e há que aproveitar os minutos para fazer tudo o que há para fazer em férias.
No entanto, calor, praia, família, amigos não são desculpa para fast-food!
Que se queira comida rápida, pois claro que sim, mas faz-se comida tão boa e tão depressa sem ter de cair no hamburger, na sandocha plastificada ou no menu qualquer-coisa e coca-cola.

Com arroz e ingredientes simples fazem-se refeições equilibradas, saborosas e rápidas, ideais para esta altura do ano.
Este risotto que aqui vos deixo é uma forma de requintar um simples arroz quando as condições de confecção são escassas, seja porque se acampa, seja porque se dispõe apenas de um trem de cozinha minimal como os que equipam casas de férias ou auto-caravanas ou ainda porque se tem meia hora para pôr uma refeição na mesa e nada planeado.
Os risottos são pratos simultaneamente completos, equilibrados (enfim, conforme o que têm dentro, claro) e rápidos, que se fazem como um simples arroz, com pequenas diferenças de execução mas nenhuma complicação e que proporcionam na mesa uma grande satisfação com um investimento mínimo.
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O que se fez foi um risotto de chouriço alentejano (estou de férias na costa do Sudoeste Alentejano) e corações de alcachofra de lata. Naturalmente que esta última opção apenas se justifica assim nestas condições, já que o delicado sabor da alcachofra desaparece totalmente na conservação. Mas notem que este é apenas um exemplo. As variações são infinitas e o que muitas vezes manda na composição de um risotto é o que há disponível no momento. No entanto a técnica de fazer um risotto é sempre a mesma e os resultados sempre de chorar por mais.
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Ingredientes:
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1 fundo de azeite
1 cebola média
1 dente de alho
1 copo de arroz Arbório (ou outro p/ risotto ou ainda Carolino*)
1 copo de vinho branco
15cm de chouriço muito bom.
1 lata de corações de alcachofra
Sal e pimenta
100g de queijo prato vulgar (usei um resto de Alavão)
Parmesão (facultativo)
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Preparação:
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Pique a cebola e o alho e aloure-os em azeite.
Junte o chouriço e o arroz e frite-os até o arroz se mostrar transparente.
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Junte então o copo de vinho de uma só vez e deixe evaporar por completo. Comece então a juntar àgua quente aos poucos, digamos meio copo de cada vez e vá sempre mexendo.
O que verdadeiramente difere num risotto de um arroz português é, além da qualidade do bago, este vinho inicial e estar sempre a mexer, para que o amido se vá libertando e engrossando o caldo.
Tempere.
O processo de adição de água e de mexer continua até o arroz estar cozido. Esqueça as receitas que lhe dizem para o fazer por 13 ou 15 ou 16minutos exactos, é treta! O arroz está cozido quando desaparece o filamento branco central de cada bago e portanto o tempo é o que demorar e varia muito de arroz para arroz e até dentro da mesma variedade.
Assim que o arroz estiver cozido, junte o queijo prato em fatias e mexa bem para que funda e se misture com o molho, engrossando-o e dando-lhe aquela toque característico dos risottos.
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Ajuste então a quantidade de líquido final que deve ser frio para parar o cozimento do arroz e junte então as alcachofras partidas em pedaços grandes. Envolva e sirva logo. Deixe que cada pessoa rale parmesão se quiser, no prato.
Nota: Os bagos de arroz próprio para risottos tê a característica de resistirem bem a cozedura prolongada sem abrirem. Se usar o Carolino, que faz um risotto de sabor magnífico, deve ter muito cuidado com o momento em que interrompe a cozedura com o último líquido frio, pois corre o risco de abrir se se descuidar, o que é imperdoável num risotto.

sábado, 5 de junho de 2010

A Receita

.......................... Dantes, era vê-los a calcorrear arribas e praias à caça das poucas-vergonhas que teimavam em conspurcar a moralzinha vigente nas praias portuguesas.
Era assim o cabo-de-mar na sua missão civilizadora e polícia de costumes, sempre a ver pano a menos e pele a mais à procura do Sol e a multa sem perdão, e que multa gostosa, sim senhora!
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Agora que os tempos mudaram e que já ninguém se emociona, nem os cabos-de-mar, com palmos a mais ou na menos de pele nua e dourada, passaram a sua atenção para essa delícia única que o mar oferece a quem se atreve a apanhá-los (e vende a quem prefere comprar), as percebes!
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Agora a luta é outra.

Poderia pensar-se que motivos ecológicos ou de protecção da espécie, pautavam a incessante demanda destes novos cavaleiros das nossas arribas costeiras, mas não: aqui, o que se protege é a receita, a fiscal, claro.
Se for apanhador profissional e pagante de taxas, apanhe o que quiser; se for amador amante da Policipes, então pode apanhar até um quilo e ….. só com as mãos!
Para quem não saiba, não se podem apanhar percebes só a puxar com os dedos.

É assim que este que por aqui vos vai escrevendo se torna um fora-da-lei, um robin dos bosques dos rochedos, um zé do telhado dos percebes que teima em tornar-se um foragido nas férias, sempre que sai para apanhar o petisco máximo, cozido em água do mar e longamente saboreado em horas inesquecíveis que fazem valer bem o risco e a aventura de andar a fugir do cabo-de-mar.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Atum de azeite e vinagre!

......................... As férias são o tempo, por excelência, das refeições-minuto.
Se há dias em que até se arranja um tempinho para cozinhar, outros há em que as soluções se tornam verdadeiramente minimais, uma lata de atum com umas batatas e cebola por cima e está o almoço aviado que há tanto e tão bom para fazer!
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Deste almoço que me soube divinamente, não sei há já quantos anos não comia uma lata de atum com batatas, não vos vou deixar a “receita”, descansem, antes falar de algo que temos de fazer antes, perante a prateleira do super-mercado, algo que está na nossa mão, mesmo só na nossa mão e que pode fazer a diferença para o futuro deste nosso amigo de sempre, o atum.
Estas são duas latas de atum. Uma barata, outra cara, uma produzida com consciência ambiental, outra com predação e ganância.


Curiosamente, a barata (Nixe, Lidl) é a consciente, a cara (Tenório) a predadora.
Quando comprar atum, não custa nada ver se a marca tem impresso este pequeno símbolo azul, o da pesca sustentável.


Convenhamos que é muito mais importante que saber que o Tenório ganhou uma medalha na Exposição da Tapada de 1864!