Tinha
estado a moer um novo frasco de Ras-el-Hanout,
sem outra intenção que não fosse ter à mão essa preciosidade magrebina mas o
aroma que então ficou na cozinha despertou em mim essa saudade dos sabores de
Marrocos, que só passa quando o palato fica satisfeito. Tempo para desarrumar a
minha velha tagine*,
vinda lá bem do
sul de Marrocos já Sahara adentro, depois ainda de Ouarzazate.
Com o que havia em
casa e o precioso Ras-el-Hanout
acabado de moer, fez-se este prato a evocar as lonjuras e os incríveis sabores destes
nossos vizinhos do Sul e a pôr em mim o “bichinho” de começar a pensar em
voltar mais uma vez.
Ingredientes:
Azeite
Cebolas pequenas
Ras-el-Hanout
Alhos
Frango cru desossado
Cenouras
Nabos
Abóbora
Chuchu verde
Pimento vermelho
Tomate fresco
Batata doce
Azeitonas
Casca de limão de
conserva**
Tâmaras***
Sal e pimenta
Preparação:
Verta uma quantidade
generosa de azeite de modo a cobrir o fundo da tagine* e forre-o completamente com metades de cebolas pequenas e
alguns dentes de alho. Polovilhe com Ras-el-Hanout.
Disponha por cima o frango desossado, em pedaços grandes
e polvilhe de novo.
Vá depois dispondo
em camadas os diversos legumes, sempre juntando mais Ras-el-Hanout, começando pelos que têm cozedura mais prolongada,Ras-el-Hanout e
abundantes azeitonas.
as
cenouras e nabo e terminando pelos de cozedura mais rápida, como a abóbora ou
as rodelas de batata doce.Termine enfeitando com algumas tâmaras*** descaroçadas, azeitonas e tiras de casca de limão de conserva.
Tape a tagine* e leve ao lume, sempre tapada,
por cerca de uma hora, mantendo o calor no mínimo após começar a fervura. Não
destape.
Pode também fazer a Tagine* no forno, a cerca de 160ºC,
sendo que neste caso deve contar com o mínimo de duas horas e meia.
Notas: * Tagine é a transcrição para português da
palavra árabe الطاجين
que, sendo uma língua essencialmente fonética, pode ser transcrita
de variadas maneiras. Eu uso a maneira mais usual em português, “tagine”, mas também pode escrever “tajine”, como transcrevem os espanhóis
ou até “ dha-tagina” que é a maneira como eles dizem (ou como eu ouço!). Como “tagine” (à semelhança da nossa algarvia cataplana),
tanto designa os pratos como o recipiente cónico em que tradicionalmente são
confeccionados, optei por escrever com maiúscula quando estou a designar a
comida e com minúscula para referir a caçarola.
** O limão de conserva em salmoura é muito
importante em toda a cozinha marroquina. A sua preparação é fácil mas morosa e
sendo impossível de encontrar por cá, pelo que, se não tiver limões em salmoura
disponíveis, não hesite em usar umas tirinhas de casca de limão fresco. Não é a
mesma coisa mas muito melhor que nada.
*** Naturalmente que se podem usar nas Tagines qualquer espécie de tâmara, mas
se dispuser das magníficas tâmaras Medjool,
uma tâmara grande e carnuda, mas mais curta que as tâmaras vulgares e que não
tem qualquer açúcar ou melaço adicionado, não hesite. A diferença sente-se
depois!